sexta-feira, 24 de julho de 2009

Crónica da Semana - Inês Santos

“O Analfabetismo Político”

A menos de três meses para as eleições, levanta-se uma questão que requer uma reflexão por parte de todos os portugueses, já que esta matéria traduz uma preocupação social – a abstenção. Depois das mais recentes nomeações para as Europeias 09, nas quais Portugal atingiu um dos valores de abstenção mais elevados – 62,54% –, receia-se que esta conjuntura negativa perdure. Mas quem gera esta situação? São os chamados analfabetos políticos, ou seja, todos os cidadãos que não cumprem de modo eficaz o seu dever democrático.

Tendo em conta a complexidade desta temática, é indispensável recordar que o analfabetismo consiste na inaptidão de ler ou escrever um enunciado simples, normalmente associado à rotina do indivíduo. No entanto, a democracia vai mais além de uma simples leitura para uns, que pode ser uma tarefa tão árdua para outros, exigindo dos cidadãos a capacidade de compreender e discutir assuntos que irão ter reflexos no futuro de um país, pelo que se tem tornado cada vez mais comum a denominação de analfabetismo funcional.

Então, poder-se-ia considerar que o analfabetismo político era apenas o resultado de um analfabeto (funcional). Contudo, a teoria de que quanto mais instruídos os cidadãos forem, maior é a sua capacidade de debater os assuntos de um Estado, já não é posta em prática, fruto de um desinteresse social.

Deste modo, pode-se considerar que o analfabetismo político é, sim, o resultado, por um lado, de um analfabeto (funcional), ou, por outro lado, de um cidadão alfabetizado. Esta última situação tem-se tornado cada vez mais comum, o que a torna ainda mais preocupante, uma vez que, apesar de o indivíduo preencher todos os requisitos necessários para participar na vida política, acaba por abdicá-los. O analfabeto político não é apenas o político eleito que não cumpre os seus deveres, mas também, e, principalmente, o cidadão comum dotado de todas as capacidades que permitem a sua participação nos rumos do nosso país. Ao rejeitar a sua importância a nível democrático, o cidadão menospreza a vida em sociedade e, consequentemente, reduz a eficiência do trabalho político da nação, o que directa ou indirectamente terá efeitos na sua vida pessoal.

De facto, a abstenção ilustra muito bem a crescente indiferença dos portugueses, mas, infelizmente é apenas um de muitos outros exemplos. Aliás, para além de nacional, esta é uma questão visível no concelho e freguesia, basta observar as salas de Assembleia Municipal e de Freguesia, respectivamente.

Em suma, podemos concluir que o analfabetismo político constitui um dos principais entraves ao desenvolvimento do nosso país e à efectiva potencialização do nosso sistema político. Este é o desafio do futuro: eliminar o analfabetismo e, sobretudo, tornar eficiente a alfabetização dos portugueses, no qual eu acredito que juntos venceremos!

Saudações Socialistas,

Inês Santos

1 comentário:

  1. Apesar das críticas constantes que fazem à actuação do governo e da classe política em geral, quando dispõem de uma oportunidade fundamental para fazerem valer as suas opiniões - as eleições -, os portugueses demonstram indiferença e despreocupação face ao estado da nação. Num regime democrático as responsabilidades são de todos, pelo que todos têm a obrigação de participarem activamente na vida política, não se limitando a apontar os erros. Enquanto esse analfabetismo político prevalecer, Portugal continuará a ser o mesmo país atrasado e corrupto. Porque nada se pode desenvolver até que sejamos capazes de modificar os nossos comportamentos.

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